Um dia perguntaram ao Padre Pio por que Deus permite a dor dos inocentes.

O querido sacerdote respondeu usando uma “parábola” muito bela — tão bela que a usamos no final de nossa HQ, “Padre Pio: a História do Santo de Pietrelcina”: uma mãe bordando e seu filho, de um banquinho baixo, sem entender o avesso do bordado. Nós somos o filho e a mãe é imagem de Deus.

Alguém poderia dizer que essa resposta, na verdade, não resolve nada. O problema do sofrimento no mundo, e dos inocentes de modo particular, continua sendo o mistério que sempre foi — e desde a vinda de Nosso Senhor a este mundo, porque, logo depois que nasce Jesus, é derramado em Belém o sangue dos Santos Inocentes, brutalmente martirizados a mando de Herodes.

Sim, é verdade. O problema continua aí. Mas a mudança de perspectiva faz toda a diferença. É realmente a partir do alto que devemos tentar compreender as tragédias deste mundo. Até porque… como único ser pensante da Criação visível, só o homem faz esse tipo de pergunta. Para as demais criaturas, não há busca de sentido nem noção de “culpa” ou “inocência”. O sofrimento e a morte são meras fatalidades. É por olhar sobranceiro sobre as demais criaturas que o ser humano questiona, se inquieta e, por vezes, chega a negar o próprio Criador.

O convite que deve ser feito ao homem, portanto, é: “Sim, tu estás no alto. Mas reconhece a tua limitação e vê que, mais alto que tu, há um Deus que te criou e que cuida de tudo. Tu és maior que a Criação inteira, sim, mas não que o Criador. Se ficas perplexo com isto ou aquilo que te aconteceu, não te preocupes nem te inquietes. Há uma Providência guiando a ti e toda a história.”

E um dia — sim, eis a maravilha que nos quer ensinar aqui o Padre Pio — será revelada a todos nós, em detalhes, a trama de toda essa bela história, o porquê de nossas lutas e combates, o modo maravilhoso como tudo foi arranjado por Deus, mesmo em momentos que achávamos estar tudo perdido, “sem saída”.