Bom sábado!

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Marinha - Virgílio Guidi. MAC-USP

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O quadro “Marinha”, do pintor italiano Virgilio Guidi, faz parte do acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC - USP). Oficialmente, é um óleo sobre madeira que mostra o Grande Canal de Veneza. Em seu verso há um retrato feminino, visto a olho nu. Em 2011, uma equipe liderada pela pesquisadora Márcia Rizzutto anunciou a descoberta de uma terceira pintura, escondida sob o retrato: outra imagem marítima de Veneza. A imagem escondida foi revelada com uma técnica denominada reflectografia de infravermelho.

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A técnica de reflectografia do infravermelho consiste em usar detectores na faixa do infravermelho para captar a luz refletida por uma pintura. A camada superficial, dependendo da espessura e do material que a compõe, pode ser transparente à luz infravermelha. Assim, a imagem refletida vem de uma camada inferior, onde pode haver esboços ou pinturas anteriores.

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De forma geral, o estudo da arte através da radiação eletromagnética combina várias técnicas, recorrendo também a análises químicas e a dados históricos, como os materiais disponíveis em determinada época e região, informações sobre a técnica e os temas desenvolvidos por determinado artista, etc.

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O raio X, que é usado para exames de saúde, também pode ser aplicado para examinar uma obra de arte. O feixe de raios incide em um lado da peça e, no outro lado, um filme é sensibilizado pela radiação transmitida. No filme revelado, as partes brancas correspondem aos materiais mais densos e as partes mais escuras correspondem aos materiais de menor densidade. A imagem obtida permite que se identifiquem características de camadas inferiores, danos e reparos.

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Já a técnica de fluorescência de raio X utiliza esta radiação, com energias maiores. Quando a radiação interage com os átomos, os elétrons mais internos são ejetados, deixando lacunas. Quando os elétrons dos níveis mais externos vêm preencher essas lacunas, eles emitem energia. As energias emitidas nesse processo são características do elemento químico em que ele ocorre. Assim a análise do espectro emitido possibilita a identificação dos elementos químicos presentes. A partir destes, podem ser identificados materiais e pigmentos utilizados. Com esta técnica, foram identificadas 10 diferentes camadas de tinta na estátua de São Sebastião da Igreja dos Capuchinhos, no Rio de Janeiro.

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A fluorescência de ultravioleta também constitui uma técnica de análise. Quando luz ultravioleta incide sobre uma pintura, fornece energia para os elétrons, e eles passam a ocupar níveis de maior energia, nos átomos. Quando eles voltam ao nível original, podem passar por níveis atômicos intermediários, emitindo radiação visível ou infravermelha, de menor energia que a incidente. A análise da radiação emitida permite detectar heterogeneidades, como regiões restauradas. Também permite a identificação de elementos e compostos químicos presentes.

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Estátua de São Sebastião, Igreja dos Capuchinhos, Rio de Janeiro

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O mercado de arte cada vez mais demanda recursos científicos para determinar a autenticidade das obras. Para os amantes da arte e da ciência, os benefícios trazidos por esses recursos vão muito além. Revelam a composição e a história das obras de arte. E os dados obtidos embasam os trabalhos de preservação e restauração.

Fontes
https://www.jstor.org/stable/24705332
https://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2011/10/078-081-188.pdf
https://operobal.uel.br/pesquisas/2021/03/24/pesquisadores-do-gfna-publicam-estudo-realizado-em-pinturas-de-vincent-van-gogh/

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